domingo, 30 de dezembro de 2012

TEXTO I - Instituição Humana x Inspiração Divina.



CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
CAPÍTULO I
DA ESCRITURA SAGRADA
I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda.  Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.
Referências - Sal. 19: 1-4; Rom. 1: 32, e 2: 1, e 1: 19-20, e 2: 14-15; I Cor.  1:21, e 2:13-14; Heb.
1:1-2; Luc. 1:3-4; Rom. 15:4; Mat. 4:4, 7, 10; Isa.  8: 20; I Tim. 3: I5; II Pedro 1: 19.

II. Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, que são os seguintes, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática:
O VELHO TESTAMENTO
Gênesis ,   Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel,  I II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias
O NOVO TESTAMENTO
Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, I II Coríntios, Gálatas, Efésios,Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses , I  e II Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus, Tiago, I e II Pedro,  I, II e III João, Judas, Apocalípse.
Ref. Ef. 2:20; Apoc. 22:18-19: II Tim. 3:16; Mat. 11:27.

III.  Os livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte
do cânon da Escritura; não são, portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão como escritos humanos.
Ref.  Luc. 24:27,44; Rom. 3:2; II Pedro 1:21.

IV. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende
do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus.
Ref.  II Tim. 3:16; I João 5:9, I Tess. 2:13.

V. Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura Sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais abundantemente se evidencia ser ela a palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações.
Ref.  I Tim. 3:15; I João 2:20,27; João 16:13-14; I Cor. 2:10-12.

VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espíri'to, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas.
Ref.  II Tim. 3:15-17; Gal.  1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14.

VII.  Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas.
Ref.  II Pedro 3:16; Sal. 119:105, 130; Atos 17:11.

VIII.  O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal; mas, não sendo essas línguas conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras e que deve no temor de Deus lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as nações aonde chegarem, a fim de que a palavra de Deus, permanecendo nelas abundantemente, adorem a Deus de modo aceitável e possuam  a esperança pela paciência e conforto das escrituras.
Ref.  Mat.  5:18; Isa. 8:20; II Tim. 3:14-15; I Cor. 14; 6, 9, ll, 12, 24, 27-28; Col. 3:16; Rom. 15:4.

IX. A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente.
Ref.  At.  15: 15; João 5:46; II Ped. 1:20-21.

X. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura.
Ref.  Mat. 22:29, 3 1; At. 28:25; Gal. 1: 10.
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Não, não estamos sendo contraditórios. A ênfase do blog é justapor a Escritura contra qualquer um que a usurpe a centralidade da Palavra em qualquer medida que seja. Iniciamos aqui uma série de textos que irá tratar desse assunto e escolhemos o primeiro capítulo da Confissão de Fé de Westminster, CFW,  exatamente para mostrar o que os reformadores pensavam acerca da Escritura Sagrada e o legado que deixaram sobre esse pensar a e sobre  a Escritura. Obviamente, se os leitores forem sinceros em ler o texto acima na íntegra perceberão nitidamente que a própria CFW coloca toda autoridade da interpretação da Escritura, não nela mesma (na CFW), ou na instituição que defende (a CFW) qualquer que seja, mas coloca a Escritura acima de todas as instituições, concílios, interpretações pessoais, por mais antigas, ou eruditas que sejam. E, creio pessoalmente, que faltou uma visão de futuro, na última seção deste capítulo acerca de escritores e concílios  que ainda viriam acontecer na história. Creio que apenas faltou uma ênfase neste aspecto na frase “todas as doutrinas de homens e opiniões particulares”.
        Algo salientar deve ser dito acerca dessa perspectiva futura mais enfática que a CFW se absteve de pensar. Quando percebemos o andar da história e as instituições que abraçaram a CFW como ponto de partida para uma interpretação coerente da Escritura com a Escritura, hoje, cada vez mais, abraçam a modernidade, a cultura, até mesmo a ressurreição de tradições pagãs antigas, por que não se previu que as determinações futuras tivessem de estar sempre sendo reavaliadas com certa constância segundo a perspectiva bíblica e não da filosofia, cosmovisão, tradição, erudição de cada época, ou de um pequeno e restrito colegiado acadêmico. Não desfaço aqui as páreas citadas, mas exalto a Escritura acima delas.
      Historicamente, a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) desenvolveu seu sentimento de paralelismo e em determinados assuntos, de estarem acima da Escritura exatamente por que não prestaram a atenção nas nuances doutrinárias extremamente discretas e de mesma intensidade sofrendo distorções, ao longo de séculos e concílios, até ao ponto de ser possível compará-la à Sinagoga de Satanás. Isso assim ocorreu por que a Instituição assumiu um papel que não era seu. Perderam a noção das diferentes aplicações entre o que seja: deduzir, inferir, extrair, distorcer, interpretar, reinterpretar ou simplesmente expôr a Escritura.  Algumas delas aceitáveis, enquanto outras jamais. 

Rev. Júlio Pinto 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Duas datas, duas festas, uma única ordenança.




             Puxe pela memória e tente se lembrar de dois dias em sua vida: 1.qual foi o dia em que você teve de se calar e se rebaixar de sua posição?..2. Qual foi o dia mais doloroso da sua vida.? Agora pense um pouco: Você, digo, você mesmo, não outros, gostaria de que te ficassem lembrando desse pior dia de tua vida em que você se rebaixou? Pois é: "Filipenses 2:7  antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,"... para Cristo foi o dia de seu nascimento.... E o dia mais doloroso de sua vida? "Filipenses 2:8  a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz". o interessante é que NA BÍBLIA, no que diz respeito a esses dois dias, só um deles foi ordenado que lembrássemos perpetuamente até a volta de Cristo: 1 Coríntios 11:24-25  "e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.  Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim."    
           Obviamente estava escrito que muitos iriam se alegrar com o nascimento do Messias. Fiquei confuso> se alegrar tem o mesmo sentido de comemorar com festa, comida, cultos natalinos? Alegrar tem a ver com o coração, comemorar tem a ver com ação. Isso me faz lembrar de outros textos:  "Isaías 1:14  As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Amós 5:21  Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. Judas 1:12  Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas;". Se o natal fosse algo realmente importante que devesse ser destacado como uma prática cristã oriunda da própria Palavra não mereceria o mesmo destaque que teve a instituição da ceia? Pois ambas dizem respeito ao Senhor, uma fazendo referência ao seu nascimento e outra fazendo referência à sua morte. Mas qual motivo só há ordenança de comemorar no tocante à sua morte?

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pedido de Perdão

Caros leitores do blog.


                  Há alguns meses atrás adicionei um Gadget no blog que nada mais era que um calendário com propagandas do GOOGLE que eram trocadas automaticamente pela citada empresa. Contudo, hoje, e apenas hoje 17/12/2012, às 14:10, (horário de Belém), acessei a visualização do blog para buscar um texto antigo, e vi que acima desse calendário, fazendo parte do gadget havia uma imagem que não era nada convencional para mim que sou pastor da Igreja do Senhor Jesus Cristo. Falando claramente era uma imagem de sexo explicito que foi adicionada automaticamente pelo GOOGLE, no gadget em questão fazendo propaganda de algum site com conteúdos pornográficos. Quando adicionei o gadget não fazia a menor ideia de que fosse acontecer. Portanto, se algum leitor do blog viu esta imagem, ou porventura outra qualquer que eu não tenha percebido, por favor me perdoe. Já tomei as devidas providências e retirei o gadget responsável pela inclusão automática de imagens. Espero sinceramente que isso não aconteça novamente.

No Senhor Jesus Cristo

rev. Julio César Pinto

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A raiz de todo mal.

       Conquanto as guerras não estejam próximas de nós, no Brasil, vivemos um tempo de grande violência. Aparentemente nos é distante até que chega à nossa realidade, até que bate à nossa porta. Para aqueles que não têm fé, digo, não creem em um Deus soberano, amoroso, juiz e legislador se apegam aos fatos para justificar sua descrença na Sua existência. Não foi à toa que Paulo afirmou que Deus transformou  em loucura a sabedoria do homem.   Por que ele tirou sua crença do Deus soberano e colocou-a em si mesmo, em sua própria razão.
      Ao olhar para si mesmo como o detentor do conhecimento supremo, o homem deixa de perceber a grandeza de Deus para perceber apenas aonde sua mente racionalmente limitada consegue chegar. Sua fé não vai além de si mesmo, de suas possibilidades. Não há nada além do pequeno mundo à sua volta, nada além do horizonte. A vida se torna vazia, sem propósito maior algum a não ser “...comamos e bebamos que amanhã morreremos”.
        Na sua falta de crer na existência de Deus o homem  coloca a culpa no Deus que ele não crê. “Se Deus existisse, Ele não permitiria isso”. Essa é uma resultante da imaginação de que não exista algo como pecado, algo como a cobiça que atiça os desejos, de que não exista uma ordem divina que afirma categoricamente: “não cobiçarás a propriedade do teu próximo” muito menos a origem de tal negativa: “ame a teu próximo como a ti mesmo”.
     A segunda é o preâmbulo da primeira, sua essência. O seu descumprimento permite sucumbir na primeira.   A segunda mostra o comportamento esperado, a primeira o indesejado. A segunda um relacionamento de amor com Deus, a primeira a perspectiva da falta dele. Quando se ama a Deus de fato, se ama ao próximo como consequência. Se não há amor a Deus, sobra a cobiça e o desamor ao próximo.
Objeções podem até suscitar, mas o fato é que a cobiça, o amor ao dinheiro é que impulsiona a humanidade a sempre querer ter mais em diferentes graus. Alguns lutam por meio do trabalho e vão até onde conseguem com ele, outros vão ao extremo da facilitação, o roubo. Por que se une cobiça: à inveja, à preguiça, à falta de amor a Deus e ao próximo, e à falta da crença em um Deus legislador.   
Mesmo assim a raiz do mal está presente em todos nós e se chama pecado. Negar isso é negar a existência de um Deus puro, santo, perfeitamente moral, que legisla sobre ela, exige de suas criaturas o cumprimento de suas designações, e no fim da história levará todos a julgamento. Afirmar que Deus não existe por que se existisse  não permitiria o mal, além de divinizar o homem, retira de sobre ele sua responsabilidade em não crer em Deus.  É a síndrome de Eva: “A serpente me enganou e eu comi.” E, ironicamente, está se criando cobra para morrer picado por ela. Quem é a cobra? Sua soberba em não se dobrar diante do real e único Deus Soberano.  
Está ao alcance de todos, apesar de não ser para todos, se humilhar e reconhecer a soberania de Deus sobre tudo e todos. Esta é a única forma de mudar o foco da vida alcançando um coração verdadeiramente sábio apto a desfrutar alguns aspectos da vida eterna já no presente, quanto mais após a morte. 
Desta forma a vida não é mais um fim em si mesma, não é somente: "...comamos e bebamos e amanhã morreremos" mas dá a ela um sentido, um propósito que vai além do túmulo: encontrar-se com Seu Criador sem ter de justificar-se. Como? Aceitando a Cristo como seu mediador, Ele te justificará e não terá o que dizer em sua defesa nesse dia, pois Cristo fará por ti.  

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Benção organização IPB em Baião – 12 de agosto de 12




            Meus irmãos.
Tendo um dia eu e vocês em um passado distante ou perto nos reconhecido como pecadores ; Tendo um dia eu e vocês sido transformados de criaturas em filhos de Deus; Não foi através de outra coisa a não ser através da maravilhosa graça do Senhor Jesus;
Não nos foi concedida a graça por que eu e vocês somos merecedores dela; Não nos foi concedida a graça por que eu e vocês somos melhores que o restante do mundo; Do contrário, se assim fosse, a graça já não seria graça e sim uma compra, ou um direito
Mas nos foi concedida a graça por que Deus é Soberano sobre todas as coisas e assim ele determinou por seu grande amor que fez com que nos enviasse o seu Filho para pagar o preço e apagar a nossa culpa pelos nossos pecados.
E hoje recebemos a benção de sermos chamados filhos de Deus, com a eternidade garantida ao lado de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por que o Espírito Santo de Deus nos regenerou para uma nova vida, quando então por esse motivo passamos a ver o nosso passado o quão distantes estávamos de Deus; passamos a olhar o presente vivendo um dia de cada vez mas de olhos fixos para o Senhor de nossa salvação da qual desfrutaremos em sua companhia e assim somos consolados acerca  de nossa eternidade.
Muitas vezes somos levados a crer que estamos distantes da vontade do Senhor por causa de um ou outro problema; mas esta é uma visão esgoísta que nos faz pensar que tudo tem que ser feito conforme nos achamos ser o certo. Mas não é assim, pois  mão do Senhor esteve conosco em todo o tempo. Não seria possível a organização desta congregação em igreja exceto pela presença do Senhor à frente deste trabalho bem como à frente em nossas vidas, pois somos miseráveis pecadores e dEle não merecemos nada. Mas Deus é longânimo e asas benigno.
Que a Graça, a misericórdia, a paz e o consolo do Nosso Deus nos sejam derramados hoje e sempre sobre toda a igreja do Senhor, sobre a IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL EM BAIÃO. Amém.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

De fato existe verdade relativa



            O Mecanicismo pós Iluminismo foi um movimento que trouxe algumas conseqüências no que diz respeito à maneira do ser humano estruturar seu pensamento. Se o Iluminismo crivou tudo sob a razão, o Mecanicismo determinou que o homem é como uma máquina e como tal pode ser particionado para ser estudado.  Da mesma forma o pensamento, a linguagem, a biologia, etc. tudo pode ser estruturado para ser entendido. Com essas premissas surge a relativização da verdade. Dizem que “não há verdade absoluta”, mas isso é uma incógnita, pois não pode ser absolutamente provado.
Dizem que Einstein já provou a teoria da relatividade, e que isso é físico e matemático, não tem contestação. O problema é que esta teoria de Einstein foi construída sob a perspectiva de um valor absoluto que é a velocidade da luz. Ou seja, a teoria matemática da relatividade só é possível pela existência de um absoluto, de forma análoga, a verdade é, isso é lógico!
Já está em crise esse modelo científico. Já se provou que as sensações são falhas cientificamente, já se provou cientificamente que a ciência é falha. Como crer em algo que se diz inerrante, mas prova por si mesma ser falha? Então, se é falha a ciência não se pode afirmar  por ela mesma que a ciência é falha; mas se não se tem certeza disso então tudo é falho.
O problema está em saber o que torna a relativização da verdade um fato, não porque não exista uma verdade absoluta, mas por que uma visão relativa não tem qualquer capacidade de contemplar o absoluto. Não estou afirmando que temos como ter uma visão absoluta das coisas, mas afirmo que temos como contemplar esse absoluto pela fé, e só desta maneira é possível.  Mas não se trata de uma fé cega nas sensações, mas de uma fé verdadeira e objetiva, direcionada, divergente do empirismo.   
Vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos, falamos, são todas as maneiras de nos relacionarmos, de trocar informações com o mundo à nossa volta. Somos seres sensitivos, por que vivemos sob a égide das sensações. Dizemos que somos racionais, por que nossa geração tenta racionalizar as sensações. Então o que de fato acontece é que se crê nas sensações.  Digo crê, por que as sensações sobre qualquer coisa podem estar equivocadas, nem sempre estão certas; e se nem sempre estão certas não podem nunca ser absolutamente confiáveis.
            Vemos que até mesmo os apóstolos e profetas passaram por situações em que as sensações lhes enganaram e que por esse motivo foram tidos como homens de pouca fé, ou pior, homens duros de coração. Falamos, como por exemplo, a noite em que Jesus e os discípulos estavam no barco sendo assolados pela tempestade. Os discípulos com medo (sensação, sentimento), clamaram pelo auxílio do Senhor.
       Doutra sorte os discípulos atravessando o mar da Galiléia e não conseguiam chegar à outra margem viram (sensação – empirismo) Jesus vindo por sobre as águas e pensaram ser Ele um fantasma (engano produzido pela sensação).  Mesmo nós crentes produzimos falsas sensações até mesmo acerca do Senhor Jesus, fundamentados em nosso achismo, em nossas convicções, em nossas sensações sobre a verdade.
            Tanto a humanidade decaída quanto os crentes desviam-se da Verdade Suprema, Absoluta, quando esperamos ser uma total verdade aquilo que pode ser produzido, avaliado, mensurado, pesquisado, observado pelas sensações, pelos nossos sentidos. Cristo nos chama para olhar a Verdade além de nós mesmos, além do nosso mundinho sensacional. É por isso que ele rechaçou com os discípulos a caminho de Emaús que não O estavam reconhecendo devido ao fato de eles não estarem crendo exclusivamente na revelação suprema, na verdade absoluta a Palavra de Deus, a Bíblia.
            Deus nos chama para darmos, o que muitos chamam de um salto no escuro. Mas este escuro não é por que não exista nada lá, ou se trata de um abismo sem fundo, mas o escuro é a nossa própria cegueira em não enxergar a absoluta verdade, e o salto é o que a Bíblia chama de fé. Por isso muitas de nossas ações fracassam, e nos lançamos cada vez mais no pecado por que não cremos nessa verdade; e preferimos lançar nossas vidas, desejos, atitudes, futuro naquilo que estamos enxergando, sentindo, falando, apalpando, cheirando, ao contrário de nos lançarmos naquilo que é mais seguro: ao ver de muitos um salto no escuro, mas para nós um salto na luz da revelação da Verdade Absoluta inspirada e inerrante de Deus, a Bíblia.    

Rev. Júlio Pinto

domingo, 19 de agosto de 2012

O pastor e a comunidade cristã... Saberes e práticas.




·         Mitos sobre o pastorado.
o   Muitos cristãos desenvolveram ao longo de tempos mitos e ideias equivocadas acerca do papel do pastor frente à  comunidade cristã.
o   Tais ideias são, em muitos casos, distorções a partir de textos bíblicos que são entendidos de forma rasa, portanto parcial. Na pior das situações os entendimentos expostos na prática da vida de cada um são feitos de acordo com a situação que estão vivendo. Daí a situação deixa de ser analisada conforme os preceitos bíblicos e passa a ser analisada de acordo com o problema que se vive. Isso é pragmatismo, não é cristianismo. E isso é feito desta forma pela grande maioria dos cristãos, até mesmo os reformados.
o   Tais entendimentos são levados a cabo em várias situações: quando há disciplina; quando há problemas familiares sérios como o divórcio; quando um filho ou parente se afasta da igreja e cai em pecado, ou cai em pecado e se afasta da igreja, quando há assembléias para escolha de pastores e oficiais.
o   Nestes momentos os mitos relativos ao pastorado assumem uma aparência cristã, mas que de bíblicas não têm absolutamente nada. As práticas não são analisadas à luz da bíblia, mas o que acontece é a bíblia passa a ser analisada de acordo com o problema. Ou seja: se tem um problema, fazem uma análise superficial do problema, pegam a bíblia e tentam achar uma justificativa para os seus atos, e colocam a culpa nos oficiais da igreja.  Isso é tirar o foco de Deus, da Bíblia e colocá-lo no homem e seus problemas.
o   O que acontece então nestes momentos é que as manifestações, em muito dos casos assumem um ideal particular de querência e ideal de como deve ser um pastor, ou um presbítero ou diácono. Ou seja, desejam um pastor, um oficial segundo o que eles entendem ser um pastor, ou um oficial ideal, segundo a sua necessidade e não segundo os padrões bíblicos.
o   Desta forma os líderes que querem não são líderes bíblicos, mas líderes que atendam às suas necessidades, líderes que atenda às suas próprias ideias líderes.
·         Um erro grave de cristãos professos, sinceros, é o de querer manipular o pastorado segundo seus próprios interesses egoístas, como se o pastor fosse um empregado que precisa atender aos seus interesses. É desta forma que surgem aqueles que nos corredores eclesiásticos são conhecidos como os “donos da igreja”.
·         Esta preocupação com quem vai ficar à frente, na liderança da igreja com uma ideia aparentemente bíblica de ideal não passa de uma preocupação egoísta de defender seus próprios interesses e que, via de regra, são completamente contrários ao ideal bíblico.

Então vamos começar pelos mitos criados pelos egocêntricos acerca do pastorado.
1.    O pastor é responsável por uma condição de vida dos crentes. Oriunda de um pecado ou irresponsabilidade pessoal ou familiar. Antítese: o crente é o responsável pela sua condição de vida e pelas consequências pelos seus pecados – Romanos 14:12  Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.;;; Gênesis 4:7  Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo
2.    .O pastor tem que estar presente em todos os trabalhos da igreja...  antítese: afinal o pastor não é a igreja, o pastor não não é onipresente. O pastor também se cansa, fica doente, fica triste, tem problemas em casa com os filhos, com a mulher, o pastor também peca, não é onipotente não é Deus. A igreja tinha pastores e mestres, diáconos para cada um estar atendendo à igreja em sua necessidade. Efésios 4. 11  E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12  com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,
3.    O pastor tem que fazer todas as visitas, antítese: ele ensina como se faz e faz algumas delas, o pastor não é onipresente. Aliás, já foi falado que o pastor deveria estar presente às visitas. Contudo, não foi nem uma nem duas vezes que propus à igreja que façam as visitas e nos casos mais difíceis o pastor se faria presente quando informado pelo crente. Eu avisava: “MARQUEM AS VISITAS E ME AVISEM O DIA E A HORA”. A questão é, quem marcou e me avisou? Ninguém! Já me disseram que seria necessário fazer uma visita a fulano e a beltrano, e afirmei, “ENTÃO MARQUE A VISITA E ME AVISE DO DIA E DA HORA”. Ninguém retornou.  
4.    O pastor tem que organizar tudo na igreja sua esposa também, afinal ela é mulher do pastor.... Antítese – para isso a liderança (presbíteros e diáconos são eleitos) Exemplo: Moisés: Somente as causas mais complicadas eram levadas perante ele. Mostrar um diagrama estrutural de organização de trabalhos... ver slide. Efésios 4.12; I Co 12.23  
5.    Nós crentes não precisamos fazer exatamente da forma que o pastor está ensinando. Esta é a visão do pastor, outros pastores fazem de outro modo e então podemos fazer de outro modo também...
a.    antitese   o pastor é autoridade máxima sobre o ensino na igreja, ir contra seu ensino é ir contra sua autoridade delegada por Cristo.
b.    Quando o crente é batizado ele admite se sujeita à autoridade da igreja local, que é o pastor, e agora aos presbíteros e diáconos. Ir contra o ensino do seu pastor mesmo que outros pastores fazem diferente é pecado.
c.    Só há uma única possibilidade de fazer diferente do que o pastor ensina; mas para isso o que se precisa avaliar é se o que o seu pastor está dizendo está coerente com as Escrituras ou não.
d.    Nosso ponto de avaliação sobre o que podemos fazer ou não podemos fazer, nunca pode ser as outras pessoas, nunca pode ser o que outras pessoas fazem ou deixam de fazer, mesmo que sejam essas outras pessoas sejam pastores também. Fazer algo simplesmente por que o outro faz é antibíblico e anticristão. Pois a regra de fé e prática do crente não pode ser o outro, mas tem de ser a Palavra.
e.    Todo o comportamento que temos e fazemos na vida tem de encontrar respaldo, tem ser autorizado na bíblia e não na vida do outro. Neste ponto, como saber se o que o pastor fez está certo ou errado para que eu possa copiar ou não o seu comportamento? Só por que o pastor fez não quer dizer que está certo. Mas o que se fez deve ser confrontado com a Palavra, mesmo o pastor. E se estiver contra a palavra é pecado e passível de disciplina e exclusão também.
f.     Mas o pastor não pode ser excluído da igreja, por ele ser membro do presbitério e não da igreja; então se o pastor cometeu um pecado e não foi disciplinado, excluído do pastorado, quem vai responder diante de Deus sobre sua permanência é o presbitério. Mas alguns crentes ao invés de perceber nestes acontecimentos o erro do presbitério, eles preferem pegar o modelo de comportamento pecaminoso do pastor e fazer uso dele para justificar o seu comportamento pecaminoso também.
6.    O crescimento da igreja é dependente da atuação dos membros com relação ao evangelismo. O pastor não pode se dedicar inteiramente ao evangelismo, pois a igreja exige dele uma presença mais intensa nos trabalhos, aconselhamentos. Muitos irmãos não estão na casa do pastor e não percebem que tem dias que o pastor precisa fazer 3  a 6 aconselhamentos que muitas vezes duram até três horas cada um.
a.    Os santos estão sendo pouco aperfeiçoados e, assim, desempenhando pouco seu serviço, tendo, como conseqüência, pouca edificação do corpo de Cristo. Para isto mudar é necessário e essencial um discipulado pessoal. As pregações são muito importantes, mas é no discipulado do dia a dia que as verdades pregadas são lembradas, se tornam realidade e prática de vida.
b.    Para que isto aconteça, é necessário que todos se disponham a trabalhar e usar seus dons, a visitar e acompanhar uns aos outros . Deve haver as reuniões maiores com toda a igreja, reuniões com grupos menores e acompanhamento individual . Multidões passam, o discípulo é quem permanece firme! Todos devem ser discipulados, porque até um pequeno membro é importante e todos temos um serviço a prestar no corpo:
c.    Neste aspecto os crentes precisam atuar diretamente na questão do discipulado. Efésios 4.15-16


ESTUDO NA EBD BAIÃO EM 19 DE AGOSTO DE 2012

sábado, 14 de julho de 2012

Quem serás tu?



           Por que se importar com quem não se importa com nada? Por que pregar o evangelho se as pessoas não ouvem, se ouvem não entendem, ou não lhes importa a mensagem uma vez que vêm à igreja apenas para passar o domingo, ou porque é necessário ter uma “religião”[1]. Vêm para ouvir, ouvem e não aceitam, não mudam de vida, continuam pecando, então para que perderem o seu precioso tempo em vir à igreja se nada faz diferença?  
         Certas coisas me angustiam e me fazem pensar na luta diária em que estamos submetidos. Várias vezes no dia me pego lutando contra o pecado, lutando contra o que pode aborrecer a Deus, contra o que pode entristecer o Espírito, e contra o que pode fazer parecer a morte de Cristo na cruz um fato irrisório, desprezível e ridicularizado pelos meus atos.
      Olho para o mundo e até mesmo dentro da igreja, infelizmente, e percebo claramente nas pessoas que elas não estão nem um pouco preocupadas com isso. Que a preocupação delas está em se sentirem bem consigo mesmas. Espanto com a determinação delas em permanecer no pecado, com suas ideias, vontades, desejos carnais, ideais de felicidade.
        Olho e vejo Deus tão distante de suas vidas, clamo ao mesmo tempo para que eu não me torne mais um desses. Clamo para que a vontade no meu coração em conhecê-lO se torne cada vez mais intensa e insaciável, apesar de não merecer absolutamente nada disso. Pois sou um ser humano frágil e descartável; pecador e carente; que tem como única fonte de vida Aquele que morreu na cruz.
      Ando, falo, suspiro, olho, penso, deito, levanto, canto, choro, suplico, faço, todas as coisas pensando nELE. A vida de fato é uma luta diária, uma luta constante contra o pecado e contra os inimigos da cruz, contra os que buscam atalhos, contra os que querem dar voltas, para se chegar a Deus; contra os que rejeitam a oferta dEle em que Ele seja para nós o Meio, o Caminho, o Advogado, Aquele que roga por nós,  o Fim e o Começo de todas as coisas, pois como diz Paulo, “porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas.”
     Sou dono da verdade? Claro que sim!  Tenho vários exemplares dela comigo. Como disse Jesus: "Santifica-os na Verdade, a Tua Palavra (a Bíblia) é a Verdade". A Bíblia é a VERDADE não relativizada, não semiotizada, A ÚNICA METANARRATIVA a ser considerada e a ser crida, para então ser entendida, racionalizada. Quando assim acontece, as escamas caem dos olhos, a vida é descortinada, e todas as coisas se tornam claras. Conseguimos perceber quem somos, conseguimos saber quem são os outros, vemos o passado escrito, percebemos o presente dito, cremos no futuro revelado.
       Vejo claramente a história que um dia começou caminhando para um fim, como o poeta mesmo sendo descrente já disse a Verdade em que creio: “...tudo o que começa um dia acaba e eu tenho pena de vocês...”.  Pena porque infelizmente nem todos ouviram, nem todos ouvem, nem todos ouvirão a sua mensagem. Mas sua mensagem é espada de dois gumes. Ou ela serve para salvação, ou serve para condenação. Para qual lado ela te separará?  Quem serás tu? "Vaso de honra, ou vaso de desonra preparado para a perdição" eterna?


[1] Veja o texto “Teologia reformada não é religião”, neste blog. 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Carta de um católico a mim em resposta às afirmações que tirei da Bíblia contra a idolatria... obviamente respondi.




Resposta do Rev. Júlio Pinto à carta recebida.
        Caro senhor Juscelino Farias, recebi sua carta, que além de estar sem endereço de remetente para onde eu pudesse enviar uma resposta, também veio com meu nome errado. Fiquei maravilhado, para não dizer estupefato pela simples razão de que tudo o que afirmou que eu estou ensinando em Baião não passam de mentiras e asneiras. Bom, tudo o que escrevi, está na Bíblia, inclusive na sua bíblia católica. Se como sua igreja mesmo diz tanto nas resoluções do Vaticano I e do Vaticano II, que ela é a Palavra de Deus, só posso entender que você está dizendo que a Bíblia, a Palavra de Deus é mentira e asneira e que apenas a Igreja Católica é a detentora verdade contrariando a própria resolução dos concílios dos primeiros séculos e a palavra do próprio Senhor Jesus Cristo que afirmou no evangelho de João 17.17 “Pai, santifica-os na verdade, a Tua Palavra é a Verdade” Note que Cristo não afirma: a “interpretação da igreja é a verdade, mas a Palavra de Deus em si mesma é a Verdade.
      Todas as minhas afirmativas estão fundamentadas e explicitadas claramente em textos da Bíblia. Comportamento que chamou de “fanático e doentil” (quero aproveitar para corrigir um lapso ortográfico seu, é doentio e não doentil).  Contudo, ao receber a sua resposta, e ao iniciar a lê-la, pensei que receberia contra argumentos provindos da própria Bíblia, pois afirmou que sou um ignorante com relação à bíblia, à história, e à teologia. Inocência minha pensar que isso aconteceria. Pelo contrário, recebi um documento espúrio da Igreja Católica, em anexo, completamente distante da mensagem clara da Sagrada Escritura deturpada pela tradição..  E eu é que sou o ignorante com relação à Bíblia? Pois não me deu nem um texto sequer da Bíblia para contraditar o que eu afirmei. Sabe o motivo? Eu explico. O que disse Jesus aos fariseus serve também para vocês pois vêem a tradição da mesma forma que eles, os fariseus, viam a tradição, como está no evangelho de Mateus 15:3  Ele, porém, lhes respondeu: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição? É exatamente assim a sua prática, transgridem os mandamentos claros de Deus escritos na Bíblia por causa da sua tradição conciliar. Engana-se o senhor em pensar como disse na sua carta que não tenho conhecimento deste texto. Pelo contrário, tenho dois extensos volumes onde estão todas as resoluções do Concílio Vaticano II, no qual o seu pequeno texto está fundamentado, bem como em algumas encíclicas de alguns papas, e já o havia lido inteiramente. Daí a minha opinião acerca desse texto ser espúrio à Palavra.
          Quanto à teologia, não sou um ignorante qualquer que fez um cursinho de teologia de 6 meses, saiba disso. Estudo teologia desde a infância de maneira frugal e sistematicamente e mais intensamente desde 2000. Compreendendo um Bacharelado em Teologia (curso regular de cinco anos), uma pós graduação lato senso em missões; uma pós lato em ensino religioso e um mestrado em filosofia da religião, bem como já está encaminhado outro mestrado, mestrado em divindade. Mas nesse ponto preciso concordar contigo em um aspecto, pois a cada dia que passa e me aprofundo mais, cada vez mais percebo o quão sou pecador e distante da santidade que Deus requer de todos os seus filhos, por isso preciso conhecê-lO mais, entretanto como disse Jesus: Mateus 7:24  Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; . E cada dia mais tenho a certeza do que Paulo disse: Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom (doron no grego é presente) de Deus. Não de obras (quaisquer delas) para que ninguém se glorie. (Efésios 2.8)    
          Assim sendo, quero aproveitar para dizer que ouvi rumores de que o bispo da prelazia da região, não sei quem é, escreveu uma carta supostamente direcionada a mim e a leu diante dos ouvintes na igreja católica em uma missa, dizendo que esta carta seria enviada até a minha pessoa. Se isso aconteceu de fato, ainda estou esperando receber a aludida carta. E se de fato o bispo escreveu tal carta e a leu para os adeptos de sua igreja, e não tendo ela chegado até mim, só posso pensar duas coisas, o correio falhou, ou que isso seria apenas uma manobra do seu clero para exaltarem-se a si mesmos como piedosos em oposição ao aludido “irmão afastado”, eu.  Pois até o momento o que recebi foi esta sua comunicação e nada mais infelizmente, ou felizmente, depende do ponto de vista. Infelizmente para vocês, por que demonstra que seu bispo não tem resposta bíblica para as afirmativas que fiz, e felizmente para mim, pois diante da sabedoria que vem de Deus revelada na Sua Palavra o homem natural não pode suplantar.
        Se puder dignam-se em responder tudo àquilo que eu afirmei nos textos que distribuí e que você afirmou ser mentira, não usando um documento da sua igreja, use a própria Bíblia pois é dela que vem a VERDADEIRA TEOLOGIA. Mas creio que isso não foi feito antes, justamente pelo fato de que pela Bíblia os senhores não terão capacidade para me responder, não por que vocês são ignorantes em relação ao texto bíblico, o que não deixa de ser, mas por que não há resposta mesmo na Bíblia que defenda seu posicionamento. Também pudera, com o período de mais de um milênio que a igreja proibiu a leitura da bíblia pelos fiéis, não poderia dar em outra coisa. E também não é sem motivo que a sua igreja tem sofrido nos últimos anos a maior perda de fiéis para os evangélicos, noticia esta feita pelos maiores meios de comunicação.  É só pesquisar na própria internet nos sites de jornais sérios, como a Folha de São Paulo, e outros.
         Se preferir, estou à sua disposição para lhe esclarecer segundo o que está escrito nas Escrituras de forma simples, clara e objetiva não usando pensamentos meus, ou a partir de uma tradição malévola desenvolvida pela igreja católica que deturpou as Sagradas Escrituras transformando a Igreja de Cristo em “Sinagoga de Satanás”; mas farei usando outros textos da própria Bíblia para explicar a própria Bíblia. Isso é completamente possível e deixa de ser uma interpretação, pois o próprio termo já diz que já há algo entre (inter) o que está escrito e o que se entende, ou seja, aquele que ensina; e passa a ser uma fiel exposição da Escritura, pois quem a interpreta é ela mesma, não o leitor com suas tradições humanas que conduzem apenas à um evangelho superficial, místico, irreal que não transforma o pecador em alguém que reconheça essa sua condição, mas mascara o pecado, sob formas vis da ilusão criada pelas obras.
       Em Anexo envio um texto que não fui eu quem o escreveu, mas subscrevo com letras garrafais. Diz exatamente o que penso acerca do papado e de suas encíclicas, resoluções, bulas etc. E se algum católico que leu esta resposta quiser uma cópia, serei prestativo da melhor maneira em ceder uma cópia ou discutir  pessoalmente e biblicamente qualquer assunto.  Procurem-me. Sabem onde moro.

Rev. Júlio Pinto – Igreja Presbiteriana de Baião. 


o anexo está disponível no link: 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Discurso vazio


     Tabula rasa foi um termo usado pelo filósofo inglês John Locke no século XVII. Locke dizia que forma pura de uma mente seria um "quadro em branco" (tabula rasa), e nele é que seria gravado o conhecimento, fundamentado na sensação. Essa foi a doutrina do empirismo definida explicitamente pela primeira vez. Não vem ao caso concordar ou não com Locke, não é esse o objetivo agora.   Mas é impressionante ver pessoas que analogamente à tabula rasa constroem seus discursos, discursos vazios.
     Discursos são proferidos, textos são escritos, conhecimento é exposto, mas o que isso tem a ver com o modo de viver deles? O que tem isso a ver com o que eles são em casa? O que isso tem a ver com o que eles são no seu círculo comum longe da internet, da mídia? Discursos protestando humildade, protestanto cristandade, protestando conversão. Mas de fato são isso mesmo? Só Deus sabe. E sabe mesmo!!!!
      De fato não há pecadinhos e pecadões e com certeza as consequências são diferenciadas. Mas creio eu que a pior das consequências vem com o que considero o pior dos pecados: A FALSIDADE. Pode-se esconder do mundo inteiro quem realmente você é, mas pode-se esconder dAaquele que te criou? Pode-se esconder dAaquele que sonda a sua mente, suas intensões como quem olha para um copo de água cristalina? Pode-se esconder tudo dos homens, mas todas as coisas, visíveis e invisíveis, virão à julgamento.
      O farisaísmo é muito mais atual do que se pensa. Há uma turba de crentes, modernos fariseus que não sabem nem mesmo onde está o umbigo porque a soberba lhes impede de enxergar as próprias faltas. A cegueira é tanta que acreditam que são crentes por que entenderam que só Jesus Cristo salva e que prostrar-se diante de uma imagem é idolatria; e alguns ainda crêem na sua salvação por que possuem uma oratória cristianizada e sobem em um púltpito, e como católicos que crêem na salvação pelas obras, acreditam na salvação por que evangelizam e praticam missão integral.
      Esqueceram-se de a quem “muito é dado, muito será cobrado”!  Que Deus tenha misericórdia de mim para que eu não me torne um fariseu, mas que sempre me humilhe diante do Soberano Senhor do universo reconhecendo meus pecados, para que eu mesmo não me encontre ensoberbecido.



domingo, 8 de julho de 2012

Teologia reformada não é religião.


         “De qual religião você é?” Quem nunca ouviu esta pergunta? “Sou da religião....” Quem nunca deu esta resposta? A religião precisa ser entendida em seu contexto. Apenas quatro vezes esta palavra aparece na tradução Revista e Atualizada da Bíblia, por João Ferreira de Almeida. A primeira é em Atos 25.19 que diz respeito à palavra “deisidaimonia”, à busca de maneira equivocada a Deus. As outras três vezes que ela aparece são em Atos 26:5, Tiago 1:26 - 27. Nestas últimas vezes o termo é “threskeia” que diz respeito a qualquer tipo de adoração, ou cerimônia que tem a ver com a sua inclinação espiritual, seja ela qual for.
         A palavra religião não se encontra nas línguas originais da Bíblia, é um cognato da língua latina que surgiu muito tempo depois do término da escrita dela. No entanto, é usado nestes quatro casos na tradução de João Ferreira e de outros tomando emprestado esse termo que vem do latim para tentar traduzir a ideia da prática que diz respeito à devoção a uma divindade qualquer. A princípio, se queremos distinguir o Deus da Bíblia das falsas divindades obviamente este termo não pode ser empregado com este fim.  
        Apesar de ser essa uma conclusão lógica, não é o cerne deste texto. Como vimos, a própria definição latina do termo traduz um esforço do ser humano em busca da divindade. Nisso todas as religiões do mundo se enquadram. O islâmico tem as suas obrigações, inclusive matar os infiéis, se quiserem entrar no paraíso; o católico tem de participar da missa, ser batizado, etc, se quiser ser salvo; as seitas oriundas do cristianismo, em todas elas seus adeptos têm de fazer algo para alcançar a salvação; os pentecostais evangélicos têm de falar em línguas, têm de buscar serem batizados pelo Espírito Santo, não podem pecar porque se não fizerem conforme suas doutrinas irão para o inferno; as religiões orientais da mesma forma não escapam a esse molde, se não meditarem, não alcançarão o nirvana; os espiritualistas se não forem bons, não alcançarão o patamar espiritual superior.
    É completamente injusto classificar os evangélicos reformados como integrantes de uma religião, apesar de eles mesmos executarem um certo modo de buscarem a Deus. Só que existe uma exorbitante diferença. A Bíblia nos ensina que o homem não toma parte em absolutamente nada no processo da sua salvação. Alguns já chegaram a afirmar que a responsabilidade do homem e a soberania de Deus na salvação do mesmo são "duas linhas paralelas", o que chega ser um total absurdo. Sabemos entretanto que há textos que colocam a responsabilidade da salvação do homem no próprio homem e outros exclusivamente em Deus.
       Precisamos entender que a Bíblia foi feita para ser examinada, primeiramente pela igreja, mas isso não impede de que ela seja examinada por pessoas que não tem qualquer entendimento acerca das coisas de Deus, os ímpios. Mas mesmo assim, se eles lerem tais textos que falam de suas responsabilidades não terão como fugir da percepção no tocante à sua futura condenação ao inferno. Isso eles entendem. O que eles não entendem/aceitam, é a soberania de Deus sobre a salvação do homem.(I Coríntios 2.14; 12.3 )  Isso só um homem de fato salvo consegue entender e aceitar. Renegar a total soberania de Cristo na salvação humana é um ato pecaminoso e diz a Bíblia que é motivo de condenação (2 Pedro 2:1).
       O que estamos afirmando é que a teologia reformada não pode ser definida como uma religião, pois este termo define a ação do homem em sua tentativa de aproximação a Deus com vistas à salvação. Ao contrário, o que define o cristianismo estritamente bíblico, a teologia reformada, é que o homem não tem qualquer capacidade em se aproximar de Deus com vistas à sua salvação, pelo contrário; isso é uma ação de Deus na vida do homem para glória de Deus. Assim não somos religiosos, somos bíblicos.   

sábado, 23 de junho de 2012

Refutação ao Silas Malafaia

1 João 4:1  Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. (os discípulos de Beréia confrontavam o que o apóstolo Paulo dizia com a própria Palavra e não com a audiência que o programa dele tinha, ou com o que ele prometia aos seus ouvintes).

PUBLICADO NO BLOG DE AUTORIA DE RUY MARINHO

Refutação Bíblica a palavra do Silas Malafaia sobre
"Uma Vida de Prosperidade"
.
       Recentemente, o telepastor Silas Malafaia veio a público desafiar os "blogueiros, críticos de meia-tigela e sites de bandidos travestidos de evangélicos... quem planta notícia em internet, invejosos, caluniadores..." [1], a mostrar biblicamente onde é que se encontram as falhas teológicas de sua pregação sobre a teologia da prosperidade, que “ele prega e crê” [2].
       Talvez o título dessa postagem fosse mais conveniente com a frase: Ensinando Silas Malafaia a deixar a colher e comer de garfo! Seria uma resposta a própria afirmação dele de que, quem o critica “come de colher e quer ensiná-lo a comer de garfo”. Porém, não posso deixar de lado o que a Bíblia diz em 1
Pedro 3.14-17:
          “Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem aventurados sois, Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados, Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pede razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.” (negrito meu)
           É de conhecimento de todos que, há alguns anos o tele-pastor desvirtuou-se de sua posição clássica contrária aos modismos e heresias, inclusive que ele mesmo criticava e condenava [3], para aderir à perniciosa teologia da  prosperidade. Com isso, o mesmo vem promovendo uma série de distorções bíblicas e heresias gravíssimas, além de abrir a porta para pregadores heréticos da tal teologia mercantilista vindos de outros países. Basta pesquisar aqui no blog para constatar que existem inúmeros artigos de refutação e denúncias das práticas anti-bíblicas de Silas. Inclusive, destaco um ótimo resumo crítico que foi publicado recentemente no Púlpito Cristão, no qual você pode ver aqui!
        Embora Silas Malafaia tenha feito o desafio com um tom ofensivo de deboche e covardia, eu farei a refutação de sua palavra supra-citada não pelo desafio em si, mas pelo dever em defender o evangelho, aja visto ter detectado em sua pregação várias distorções bíblicas e conclusões errôneas feitas pelo telepastor, referentes ao que ele defende. Portanto, para ser mais direto e categórico, vou me conter em refutar somente a pregação do Silas Malafaia neste programa específico, onde ele desafia os blogueiros (dos quais incluo-me). 
            Em sua pregação, para começar ele cita três pontos que serão abordados: que é a oferta, características de um ofertante e o resultado na vida do ofertante. Silas utiliza 2Co 9.1-15 de uma maneira desconexa e fragmentada, utilizando somente de alguns versículos desta passagem para fazer a sua defesa da teologia da prosperidade, algo normal de uma pessoa que prega tal conceito, pois não há o costume de utilizar uma pregação expositiva equilibrada. 
           Ele ainda afirma que esta passagem é o “melhor compêndio no Novo Testamento sobre o assunto". Porém, ao sair do círculo fechado e fragmentado que Silas arma em torno de 2Co 9.1-15, afirmando a prosperidade financeira como recompensa para todos os crentes que ofertam, não tem como ignorar todo o contexto bíblico que trata de dinheiro, principalmente as passagens que afirmam o contrário do que Silas defende. Como harmonizar, por exemplo, a sementeira e a colheita de 2Co 9 com esta outra passagem que diz “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (I Tm 6.8-10, ARA) ?
             O que dizer então das palavras do Mestre: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt 6.19-24, ARA)?
            Enquanto uma passagem supostamente afirma (segundo Silas) que podemos ofertar com a promessa de prosperidade financeira plena, outras afirmam exatamente o contrário, que não devemos enfatizar a prosperidade financeira! Tem alguma coisa errada aí! Será que Silas Malafaia está pregando algo correto à luz do contexto bíblico? Será que Deus ficaria preso na condição de obrigação em recompensar financeiramente quem oferta? 2Co 9.1-15 pode ser o “melhor compêndio” sobre o assunto conforme ele afirma, porém não é o único, principalmente no Novo Testamento! Não se pode interpretar uma passagem isolada de outras que tratam do mesmo assunto (regra básica de hermenêutica).
         Quando desfragmentamos os versículos isolados que Silas utiliza e analisamos a luz do contexto imediato desta passagem, veremos facilmente que o foco de Paulo não é a prosperidade financeira para os crentes em resposta ao ato de ofertar, mas sim a necessidade de ajudar financeiramente - com alegria e deliberadamente - os irmãos mais pobres. Paulo usa como exemplo aos Coríntios (uma igreja com membros financeiramente estáveis) de como os irmãos macedônios foram generosos nas ofertas enviadas à igreja de Jerusalém. Mesmo com sérias limitações financeiras (profunda pobreza, 2Co 8.2) eles tiveram alegria em ajudar os irmãos pobres. Este exemplo deve ser aplicado a nós nos dias de hoje com total significância. Porém, não com o objetivo de barganhar com Deus, esperando algo em troca. 
            Uma pergunta que devemos fazer: será que as ofertas e desafios financeiros que, tanto Silas Malafaia, quanto os demais tele-pastores fazem em seus programas são destinados aos pobres da Igreja? Não, pois eles categoricamente afirmam qual é o destino do dinheiro doado em suas coletas: sustentar os programas de TV (valores milionários), viagens nacionais e internacionais, mega-cruzadas caríssimas, jatinho particular etc. Posso estar errado, mas eu nunca vi Silas fazendo um desafio financeiro para ajudar os pobres da Igreja.
               Continuando a análise ao vídeo, Silas comete outro erro grave: ao citar 2Co 9.4, ele afirma que “a oferta tem sólida base no mundo espiritual”. Para chegar a esta conclusão, ele utiliza a tradução bíblica Almeida Corrigida Fiel onde diz na parte final “...firme fundamento de glória”[4]. Porém, ao analisar melhor outras traduções da bíblia (inclusive o grego original), bem como o contexto direto (vs 1 a 4), veremos exatamente o que Paulo afirma: “Não tenho necessidade de escrever-lhes a respeito dessa assistência aos santos. Reconheço a sua disposição em ajudar e já mostrei aos macedônios o orgulho que tenho de vocês, dizendo-lhes que, desde o ano passado, vocês da Acaia estavam prontos a contribuir; e a dedicação de vocês motivou a muitos. Contudo, estou enviando os irmãos para que o orgulho que temos de vocês a esse respeito não seja em vão, mas que vocês estejam preparados, como eu disse que estariam, a fim de que, se alguns macedônios forem comigo e os encontrarem despreparados, nós, para não mencionar vocês, não fiquemos envergonhados por tanta confiança que tivemos.”(NVI, grifo meu)
           Portanto, concluímos facilmente duas coisas: primeiro, que não se deve fazer uma exegese profunda em um texto bíblico considerando somente uma tradução da bíblia; segundo, que a passagem em si não há, absolutamente, nada de
super sobrenatural como Silas afirma, mas a passagem narra a demonstração de confiança e orgulho que Paulo tinha pelos crentes de Corinto, na certeza dos mesmos ajudarem através das ofertas os irmãos pobres da Judéia, conforme fizeram os irmãos da Macedônia.
       Mais um erro teológico de Silas: Ele cita, estranhamente de forma fragmentada parte de 2Co 9.5, onde diz “...e preparassem de antemão a vossa bênção” [negrito meu], afirmando que a palavra “benção” nesta passagem significa “um meio de receber favor Divino e meio de felicidade”. Ou seja, segundo Silas, em resposta a oferta haverá uma ação direta de Deus em abençoar os ofertantes!  Isto é uma distorção forçada do texto, pois no contexto direto a palavra benção está direcionada a uma ação direta dos ofertantes aos que receberiam as ofertas! Embora reconheça que Deus pode, segundo a vontade Dele, abençoar a vida financeira de quem ajuda, não é o que este versículo em si afirma. Os “abençoados” são os que recebem as ofertas e não os que ofertam!
           Veja a mesma passagem em outra tradução: “...concluam os preparativos para a contribuição que vocês prometeram. Então ela estará pronta como oferta generosa, e não como algo dado com avareza.” (NVI, negrito meu) No original grego, a palavra utilizada é eulogia (benção), empregada neste contexto como "generosidade" [5]. Lembrando que o significado da palavra “benção” é variável, no caso desta passagem se enquadra na definição de “expressão ou gesto com que se abençoa. Benefício, favor especial.” [6]
             Continuando, Silas cita 2Co 9.10 “Ora, aquele que dá a semente ao que
semeia, e pão para comer, também multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça”, afirmando que Deus nos dá a semente para ofertar. Está correto! Afinal, Deus é o provedor de tudo, o homem não dá do que é propriamente seu, e sim daquilo que Deus lhe tem dado (veja At 17.25). Mas, para quê serve esta semente que Deus nos dá? Para sustentar ministérios milionários de tele-pastores que cada vez mais ficam ricos para esbanjar “prosperidade”, em troca de uma suposta benção financeirasobrenatural? Não!
          A semente que provém de Deus é para ajudar os pobres da igreja para que todos sejam abençoados e Deus seja glorificado! Veja o contexto direto no versículo 9: “Como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre” (ACF, negrito meu), uma citação que Paulo faz de Salmos 112.9 para mostrar que a generosidade à quem precisa é característica de todo Cristão. Deus abençoa a nossa vida para “aumentar os frutos da nossa justiça”(vs9), para “toda a generosidade”(vs11) e para “suprir as necessidades dos santos” (vs10). Ou seja, Deus pode, segundo a vontade Dele, prover em nossas vidas quando ajudamos os pobres da Igreja, principalmente para aumentar a possibilidade desta ajuda continuar cada vez mais: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1Jo 3.16-17, ARA)
          Mais um erro de Silas: Ele cita parte do VS 12 “...porque a administração deste serviço”, para afirmar que a oferta é um serviço para Deus. Logo em seguida, ele cita 1Co 15.58 que diz “que o nosso trabalho não é em vão” para afirmar que, se é um trabalho, Deus vai recompensar. Ainda cita Jr 21.14 que diz “o Senhor recompensará a cada um segundo o fruto das tuas ações”. E termina afirmando que: “se a oferta é um serviço para Deus, Ele vai nos recompensar da mesma forma que alguém trabalha e tem que receber salário.” Errado Pr. Silas! O contexto de 1Co 15.58 em nenhum momento é formalizado um contrato de trabalho entre nós e Deus com promessa de honorários financeiros, muito pelo contrário, fala da esperança que os Coríntios deveriam ter no dia da ressurreição para continuarem perseverando na fé, mesmo sob ensinos falsos e várias tentações, sabendo que os esforços para o serviço à Deus nunca será em vão (veja Is 65:17-25).
          Segue o contexto direto da passagem em questão: “Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” [1Co 15.50-58, ACF, negrito meu].
           E sobre Jeremias 21.14, veja o que diz: “Eu vos castigarei segundo o fruto das vossas ações, diz o SENHOR; e acenderei o fogo no seu bosque, que consumirá a tudo o que está em redor dela.” (ACF) O texto fala de castigo e não de recompensa financeira! Que distorção bíblica grosseira Pastor Silas! Dando continuidade na análise do vídeo, Silas agora discorre para os resultados na vida de um ofertante. Logo de cara ele afirma que “Deus trabalha com a lei da recompensa”. Para tal afirmativa, ainda divide esta lei em “5 leis que funcionam na vida de um ofertante”. Chamo a atenção para algo gravíssimo: colocar a condição de lei para Deus é neutralizar a onisciência Dele! É afirmar que Deus trabalha somente em troca do nosso dinheiro! Afinal, se temos que cumprir esta lei, Deus também tem o dever de cumpri-la. Estaria Deus amarrado em uma condição humana? 
          Para a 1ª lei, Silas utiliza 2Co 9.6 afirmando a “lei da semeadura”: “E digo isto: o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará.” Esta passagem está em conexão com todo o contexto direto, no qual já tratamos nesse artigo (veja explicação acima sobre os versos 9 e 10). Se esta suposta lei da semeadura financeira funcionasse como Silas afirma, porque existem cristãos pobres que precisam de ajuda da própria Igreja? Falta de fé para ofertar o que não tem? Porque então Paulo organizou esta coleta de ofertas aos Pobres da Judeia, ao invés de fazer um desafio financeiro para eles serem abençoados com a lei da semeadura? Inclusive o próprio Paulo passou por muitas necessidades ( Fp 4.10-20, 2Co 11.27). Porque Jesus se fez pobre durante seu ministério na terra (2 Co 8.9) não tendo sequer aonde reclinar a
cabeça (Mt 8.20)? Porque Jesus também disse que dificilmente entraria um rico no reino dos Céus (Mt 19.23-24), e ainda disse para não juntar tesouros na terra, mas no Céu (Mt 6.19-24)? Estaria Paulo pregando uma teologia contrária à Bíblia e entrando em contradição consigo próprio? Claro que não! A teologia contrária a Bíblia é a que Silas Malafaia tenta defender sem êxito. 
           Paulo cita esta metáfora baseada na vida agrícola para mostrar que, aquilo que é doado nunca se perde, é semeado. Embora Deus, às vezes, proveja uma colheita generosa no terreno físico, principalmente para aumentar as possibilidades de ajuda aos pobres da Igreja, esse não é o padrão e nem é a promessa do Novo Testamento, muito pelo contrário, veja: 2 Co 8:9, 11:27, Lc 6:20-21, 24:25, Tg 2:5. Tentando justificar a demora na “colheita” de muitos, Silas ainda faz uma analogia entre o tempo de cumprimento da “lei da semeadura” com as sementes de frutas naturais. Dentre várias frutas, ele cita tamarindo, uma fruta que demora até 60 anos para começar a dar frutos. Com isso, ele justifica que pode demorar muito para alguém receber o pagamento da tal “lei da semeadura”. Ou seja, o que você ofertar, talvez nem receba de Deus nesta vida. Na verdade, trata-se da famosa "desculpa espiritual" dos adeptos da teologia da prosperidade para os que não receberam a sua colheita, mesmo depois de ofertar. Engraçado que na hora dos desafios televisivos é exaustivamente enfatizado que Deus vai nos abençoar, que vamos colher cem vezes mais, que vamos ter uma vida próspera, que vamos pagar nossas contas e ter prosperidade em abundância etc.
         Na 2ª lei, Silas cita 2 Co9.7 onde diz “...porque Deus ama a quem dá com alegria”, o que seria a “lei do amor de Deus sobre o ofertante”. Logo após, solta uma pérola histórica: “você não vê Deus usando essa palavra de amor pra salvação” E ainda pede para avisá-lo se alguém souber de outra passagem bíblica que utiliza esta expressão de amor de Deus, pois ele não sabe de tudo da Bíblia. Sinceramente, alguém que faz tal afirmação deixa-me mais desconfiado ainda do quanto a pessoa é desprovida de conhecimento Bíblico, veja: Jo 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (negrito meu) Leia também 1Jo 4.9 e Rm 5.8.
          A 3ª lei, segundo Silas, consta no versículo 8, onde diz: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra,”(ARA) o que seria a “lei total do favor de Deus, a graça”. Silas afirma – corretamente – que a graça é o favor imerecido, benevolente e amoroso de Deus para o homem. Mas comete um erro gravíssimo afirmando que “a oferta chama a graça de Deus para nós”. Ora, se a graça é um favor imerecido, como pode ser merecido ao mesmo tempo? 
         Para piorar, segundo este pensamento Silas afirma que através da oferta nós podemos obter soluções de problemas emocionais, curas e soluções de problemas financeiros. Enfim, erros gravíssimos e infantis que nem um aluno novo de Escola Bíblica dominical confunde. O versículo em questão não dá margem para esta interpretação incorreta. No verso 8 diz que Deus pode nos abençoar para sermos um instrumento de sua graça, fazendo que tenhamos o suficiente para continuar ajudando os pobres. Quando os santos carentes recebem uma generosa doação de outros crentes, eles reconhecem que Deus é a fonte da generosidade, reconhecendo o dom inefável de Deus (vs 15). E assim eles respondem com ações de graças e louvor a Deus por Sua graça em suas vidas (v. 11). E isto acontece segundo a vontade Dele e não por nosso merecimento. Nós não merecemos e nunca vamos merecer a graça Dele, é Ele quem nos ama e nos concede a sua graça, segundo o Seu querer.
          A 4ª lei que Silas cita, segundo 2Co 9.9 é a “lei da multiplicação”, que na verdade é o mesmo que a “lei da semeadura”. Ou seja, a refutação para a 1ª lei serve para esta 4ª lei também. 
         Enfim, a 5ª lei. Silas cita o verso 11 que diz “para que tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus”, para fundamentar a “lei da abundância”. Com isso, Silas afirma que Deus é um Deus de sobra, sem mesquinharia. Obviamente, ele utiliza este argumento para justificar a suposta abundância da teologia da prosperidade. Mas, ao contrário que ele afirma, o que esta passagem mostra é que, quando Deus nos dá uma provisão financeira, mesmo sendo com sobras, não é para o proveito próprio, e sim para ser usada em generosidade aos necessitados, para a glória de Deus. O versículo é claro quando afirma “...para toda a beneficência”(ACF), “para toda generosidade”(ARA). Veja como viviam os convertidos naquela época: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.” (At 2.44-45, ARA)         Este conceito de abundância financeira é, de fato, o mais claro sinal de  avareza na vida de alguém: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Mt 12.15, ARA) 
            Silas ainda cita exemplos do que aconteceu com Adão e Eva no jardim do Éden e a prosperidade de Abraão para afirmar que Deus fará o mesmo com quem ofertar. Isto é um absurdo! Afinal, estes são casos isolados em que Deus agiu com um propósito específico e exclusivo para cumprir os seus planos! Por exemplo: não é porque Deus sustentou o povo no deserto enviando o maná dos céus (Ex 16:35) que ele fará o mesmo hoje da mesma forma conosco. Vai deixar de trabalhar esperando o maná para ver o que acontece! Para terminar, mostro na Bíblia a verdadeira prosperidade para o Cristão: "Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários". (2Co 8.1-3).
            Antigamente, Silas Malafaia concordava que esta passagem nos mostra a verdadeira prosperidade bíblica, veja o que ele disse muitos anos atrás: "Os pobres da Macedônia dividiram o pouco que tinham com os pobres da Judeia. Isto é prosperidade. Prosperidade é você compartilhar com o outro... é viver bem com aquilo que Deus tem te dado... é mesmo você tendo pouco, você ainda tem forças e capacidade de ajudar alguém que está pior do que você." [7]

         Fico na esperança de que esse artigo sirva de alerta para todos aqueles que ainda acreditam na teologia da prosperidade, onde infelizmente nos últimos anos muita gente se corrompeu, contaminando-se nas heresias importadas da teologia de Mamon.  Espero de coração que Silas Malafaia se arrependa verdadeiramente, voltando ao evangelho puro e verdadeiro. Não existe nada mais nobre para um Cristão do que assumir sua condição de pecador e humildemente reconhecer os seus erros para nunca mais praticá-los.
Soli Deo Gloria!
Ruy Marinho
Fonte: [ Bereianos ]


Caros irmãos, eu ainda acrescentaria dois textos à observação do irmão Ruy, sobre o referido e pretenso pregador do evangelho, Silas Malafaia: 

Ezequiel 34:3  Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.

Mas quem também carrega parte da culpa do Silas ter a audiência que tem? Os próprios ouvintes como diz Paulo a Timóteo: 

2 Timóteo 4:3  Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;